Só há pouco tempo comecei a executar solos, e já levo mais de 20 anos de bateria; não sei se não estarás a ser um pouco precipitado. Julgo que não é só a técnica que tem de se dominar para fazer solos; há também a parte de se conhecer bem o instrumento e de conheceres bem as tuas capacidades musicais e a tua linguagem para poderes ter algo válido e interessante a dizer através de um solo.
Imagino que dê muita pica fazer solos, principalmente porque agora se vêem imensos solos duma série de bateristas, mas sinceramente, vejo muito poucos solos a dizer alguma coisa de interessante; a maior parte só dizem "ólháqui eu a dominar bué técnicas e a tocar ultra-rápido".
Pessoalmente, procuro
contar uma história no solo, tentando que seja mais ou menos em crescendo (com oscilações, claro está), e no final ter uma "explosão". Tendencialmente –*e isto tem a ver com a minha linguagem pessoal, a tal coisa que recomendei procurares, e que dura anos –*utilizo bastante a "melodia" entre timbalos, procurando algo melódico e rítmico ao mesmo tempo.
Ainda não consigo fazer tudo isto de forma muito clara, e tecnicamente não sou muito habilitado, mas julgo que tenho vindo a melhorar.
A título de exemplo, podes espreitar um solo que já coloquei aqui numa das versões. Uma foi tocada a 19/12 e outro a 13/12. Não tenho pauta do mesmo, improviso o solo, mas se reparares existem pontos em comum nos dois solos. Por outro lado, poderás talvez adivinhar, de acordo com o que disse atrás, qual será o solo que mais me satisfez, de entre os dois.
De notar também que neste caso o solo está enquadrado num tema, e tenho o tempo marcado pelo baixo (ainda que nos confundamos por vezes, tanto ele como eu, pois tanto não é fácil para ele suportar um tempo com um solo de bateria, nem para mim acompanhar um baixo quando estou a solar); de qualquer modo, o tema condiciona naturalmente o que estou a tocar, ou seja, o tipo de malhas que utilizo é evidentemente enquadrado no tipo de ritmo do tema.