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Não lido Sáb, 9 de Junho de 2007   #2
_TASSE_
 
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Entrevista Carter Beauford - Traduzida
perdoem-me por qualquer erro de tradução, e pelos termos tecnicos da bateria, se possivel o pessoal que entende, dá uma ajuda pra eu adequar depois ! mas a maioria da entrevista está ok !


Carter Beauford

Entrevista feita por Chris Cornish

A Dave Matthews Band é sem dúvida uma das melhores bandas atualmente em todo o mundo. Tudo o que se tem a fazer é passar 5 minutos fazendo uma busca na Internet para ter uma vaga idéia de sua gigantesca popularidade. Eles possuem mais sites dedicados feitos por fãs radicais que qualquer outra banda. A DMB tem um som fresco que combina instrumentos acústicos com um estilo vocal único que é melódico e praticamente percussivo no efeito que provoca. Faz parecer que Dave Matthews e Carter Beauford nasceram para tocar juntos, e muitos fãs da banda concordariam com isto. Freqüentemente trocam elogios e apóiam um ao outro, o que aumenta a união entre eles e estabelece uma interessante interatividade entre os lados opostos da banda.
Fomos apresentados com a oportunidade de entrevistar Carter em meio a uma turnê mundial trabalhosa e muito bem sucedida. Ficamos empolgados com sua atitude acolhedora e encorajadora com que fala a todos os bateristas que são influenciados por ele atualmente.

Chris: Carter deixe-me começar a entrevista pedindo a você para contar um pouco da história da banda. Como vocês a formaram?

Carter : Por volta de seis anos atrás. Bem, na verdade, há mais de seis anos. Ela começou como um trio com o Dave, eu e Leroi, nosso saxofonista, trabalhando em algumas canções do Dave. Na época ele possuía apenas quatro canções. E estávamos trabalhando nelas, tentando tirar proveito delas. Coloca-las em uma situação onde Dave pudesse ter uma visão completa de como suas notas iriam soar. Mas isso não funcionou com nós três juntos. Conseguimos fazer algumas coisas acontecerem com as canções, mas precisávamos de um baixista. Esta era a principal necessidade. E então acabamos por ficar com Stephan, que é nosso baixista até hoje. Na época ele tinha 15, 16 anos. Nós o incorporamos, tiramo-lo do colégio.

Chris: Como vocês lidam com a composição das canções? O trabalho todo fica com o Dave?

Carter : É um esforço em conjunto. No começo Dave escreveu quase todas as canções, mas os arranjos foram feitos pela banda toda. E a maioria das músicas recente é produto de checagens de som, onde tocamos apenas certas notas, acordes, algumas junções e afins, e vamos unindo as coisas desta forma.

Chris: Fazendo jams.

Carter : Exatamente. O crédito da canção tem de ir para todos os cinco membros da banda.

Chris: Vocês têm sido uma máquina de tocar este ano.

Carter : (Risos) É sim, temos sido. Isto é verdade.

Chris: Isso deve ter deixado vocês com uma agenda superlotada.

Carter : Realmente. Estivemos em turnê por quatro meses, desde abril e estamos envolvidos com diferentes projetos. Projetos diferentes, coisas especiais com alguns de nossos amigos. Eu mesmo estou trabalhando em um projeto solo. Mas isso não vai ser por muito tempo. E então quando voltamos para a estrada, foi como... whoa... Foi quase como se nunca tivéssemos tocado juntos (risos). Foi tão estranho. Levou umas duas, três semanas para que tudo se arranjasse em seu devido lugar. Agora estamos funcionando como um relógio.

Chris: Há muita interação entre vocês no palco?

Carter : Há sim, esta é uma das coisas que tentamos estabelecer há anos na banda, o contato visual. E manter os ouvidos abertos. Você sabe... Ouvir tudo que está acontecendo. Isto é provavelmente mais importante que tocar as músicas e faze-las soarem bem. Sem o ouvido atento e o contato visual no palco, a música pode tomar diversos rumos diferentes sem que você perceba.

Chris: Pode se tornar algo que foge ao controle. Onde você obteve todo o conhecimento musical?

Carter : Eu estudei jazz. Bem, na verdade quando eu era criança não estudei jazz, mas meu pai era um trompetista de jazz, então indiretamente eu estudei através dele apenas escutando-o tocar com sua banda e ouvindo os discos que ele ouvia. Todas as tardes quando ele voltava dos ensaios pegava o primeiro disco que estava à mão. Todos os maiores músicos do jazz, desde Gussie Smith, Duke Ellington, Ella Fitzgerald, Miles Davis e John Coltrane, apenas para citar alguns.
Eu passava por essa experiência praticamente todos os dias. Então não tive escolha (risos) a não ser ouvir jazz. Eu realmente me envolvi com as rádios. Aquela coisa de Top 40 no começo dos anos 60 tinha Beatles, é claro, Dave Clark Five, as músicas do James Brown... James Brown and the Flames. Tenho que agradecer a muita gente, em especial a James Brown e todos os outros que estavam no cenário funk. E isto é muita coisa considerando de onde eu venho, algo como um jazz-funk. Acho que você pode chamar isto de fusão.

Chris: Bem, foi uma grande e importante experiência.

Carter : Estudei quando fiquei mais velho… para saber quem estas pessoas eram. Para saber quais eram os melhores do jazz. E para entendê-los ou ao menos tentar. Comecei estudando gente como Tony Williams, Elvin Jones e Philly Joe Jones. E também Cozy Cole. Cozy Cole foi um dos caras que conheci quando era mais novo. E é claro, Buddy Rich e Gene Krupa. De fato, Buddy foi um dos primeiros bateristas que vi em minha vida. Meu pai me levou para vê-lo tocar... Em uma apresentação do Buddy Rich. Eu não sabia do que se tratava, mas sabia que Buddy Rich era o cara mais bem apresentado. Deixou-me surpreso, entende? E daquele ponto em diante soube que a bateria seria o meu instrumento.

Chris: Você é completamente ambidestro ?

Carter : Sim, sim

Chris: Caramba!

Carter : (Risos) Eu odeio dizer isto porque nunca prestei atenção neste fato, entende? É como se... Oh... Pode ser que todo mundo seja assim. Nunca havia prestado atenção nisto até que outros bateristas me disseram que gostariam de poder fazer o que eu faço com minhas duas mãos de forma independente. Eu pensei que isto acontecia com todo mundo. E então todos estes bateristas ficam praticando para obter um equilíbrio de seus braços, porém comigo isso acontece naturalmente. E parece estranho que eu não tenha que fazer nenhum esforço para consegui-lo. Comecei tocando com tudo ao meu lado direito, meu hi-hat, meu bumbo (snare-drum).

Chris: Totalmente o contrário do convencional.

Carter : Comecei a tocar bateria desta forma, mas vi outros bateristas tocando e me senti como… espere um minuto… Eu estava tocando de forma errada. E então peguei tudo de volta e mudei para o outro lado, pois queria ser como todo mundo. E quando eu fiz isto, não prestei atenção ao fato de que eu estava fazendo tudo com o lado oposto de meu corpo, e isto não me era adequado. Distribuí-me melhor porque havia certas coisas que poderia fazer com esta posição. Entende o que digo?

Chris: É como a técnica que você faz entre o hi-hat e o prato ride... Posso ver que é bem mais fácil quando estão mais próximos. Você usa tambores Yamaha. De qual série eles são?

Carter : São da série Recording Custom. Posso mudar para a série maple custom porque produzem um som realmente bom. Tenho tocado com a série maple custom algumas vezes pela Europa quando a Yamaha me mandou um kit por lá. Realmente gostei do som deles. Acho que estou tão acostumado com os que toco atualmente que fica difícil trocá-los.

Chris: Você está usando pratos Zildjian?

Carter : Sim, todos Zildjian. Estou usando um mix nos hats. O hat de baixo é um Z personalizado, e o hat de cima é um Zildjian New Beat. Eles realmente têm um som particular. Eles me dão algo como um som chik, mas não é um chik chapado. Para o corpo principal estou usando um dark K. Às vezes mudo para um brilliant K que uso da mesma forma... depende de como estou me sentindo. Se estou mais para o jazz, usarei o dark K. Varia. A seguir tenho um Zildjian Zill bell. Eu amo aquela coisa. Às vezes eu começo a toca-la e ela te dá nada além do som de sino. Vou incorporá-la com o sino de vaca e os jamblocks que tenho. Para as batidas fortes, o primeiro à minha esquerda é um K 18”... tamanho médio, eu acho. O segundo é um Zildjian Z médio-fino. Eu já tenho este por um bom tempo.

Chris: Essas coisas são barulhentas!

Carter : Sim, sim. Entre aquelas eu estava usando um 8”K splash, mas quebrei-o em uma noite passada (risos)... então não sei o que há agora. Mas normalmente é o 8”K. O segundo splash creio que seja um 10”A, e próximo a ele um splash 14”. E no topo dele há um conjunto tipo piggy-back com um splash 6”K. Acima dele está o piggy-backed China crash e o China trash. O topo é feito de um crash 16”, e na parte de baixo é um trash 18”. O de 16” tem um som brilhante, enquanto o crash de baixo é estranho mas produz um som bom. Permite-me conseguir três sons diferentes. Posso bater individualmente nas partes de cima e de baixo, ou bate-las simultaneamente. Esta foi uma idéia trazida pelo meu técnico de percussão... E foi como se, wow, foi um som legal. Então comecei a brincar com isto e funcionou muito bem para mim. Requer prática, é claro, mas o resultado veio com o tempo. Agora já é um fato natural e posso fazê-lo sem olhar.

Chris: Que tipo de heads você está usando ?

Carter : Todas da Evans. Eu estava usando Remos por alguns anos, mas com as Evans consigo muito menos notas fora de tom.

Chris: É a série EQ?

Carter : Sim, esta mesmo. Sem notas fora de tom, permite que o som natural saia. Os microfones não captam um monte de sons indesejáveis. Sem mencionar que a Remo... Sem reclamar da Reno, mas os Evans são bons.

Chris: E com relação às baquetas?

Carter : Estou usando as Pro-mark 5A’s de acabamento natural. De fato eu tenho uma baqueta pessoal que é a 5A natural, que gosto muito. São leves e não escorregam. Fiquei muito frustrado por vários anos por ter usado baquetas revestidas. Pensei em usar uma lixa de madeira para remover o acabamento da parte de baixo da baqueta... E achei que seria muito trabalho apenas para usar uma baqueta. E então começaram a produzir o modelo natural e agora eu as uso. E também gosto do som que elas produzem, não é tão chamativo quanto o produzido pelas baquetas revestidas.

Chris: Como você se sente atualmente? Quero dizer, a DMB está no centro das atenções.

Carter : Na verdade não penso sobre isto. Digo, às vezes vamos ouvir essas coisas... Mas acho que nos sentimos da mesma forma que quando começamos a banda. Ainda temos muito caminho a percorrer. Fico contente em saber que todos tem esse mesmo pensamento. Nenhum de nós está deixando o sucesso subir à cabeça. E isto é o que me faz me dedicar e continuar tocando com eles.

Chris: Fazer turnês deve ser difícil, mas é um trabalho? Digo, de certa forma, é quase como estar de férias.

Carter : Bem, eu não acho que seja um trabalho nos moldes comuns. Divirto-me tanto. Estou tocando há 35 anos...

Chris: Pare de tocar...

Carter : (Risos)… A sensação é a mesma de 35 anos atrás quando eu estava começando. Ainda é fascinante e novo. E se em algum momento se tornar chato então provavelmente é hora de sair e fazer alguma coisa diferente. Ficaria dentro do cenário musical, mas possivelmente em outro ramo não ligado à percussão, à bateria.

Chris: Deixe-me citar alguns nomes que estão em sua cabeça e vamos ver como reage: Dennis Chambers.

Carter : Oh meu Deus… Dennis! (Risos)… Ele é o cara ! De fato pelo primeiro CD tenho que agradecer a Dennis pela inspiração e motivação que dá a todos os bateristas em começo de carreira. O cara é incrível, excelente. Isto significa muito. A personalidade conta muito. Digo, você pode ver uma garota bonita, mas então a conhece melhor e percebe que ela é uma vadia. Dennis, ao contrário disto, é genuíno e real.

Chris: E que tal Dave Weckl?

Carter : Yeah... O Dave também. É uma das pessoas mais gentis desse planeta. É um dom nato que emana dele... Sabe do que estou falando!

Chris: Steve Gadd?

Carter : Ah sim ! Steve é algo como a figura de pai. Ele participou muito dos acontecimentos dos anos 70 com o reforço das notas baixas, a técnica com o hi-hat e tocando por entre as batidas.

Chris: Que bateristas da atualidade você considera bons?

Carter : Gosto bastante de Smitty Smith. Ele é um dos favoritos. Tenho acompanhado seu trabalho por um ano mais ou menos. Estou estudando-o duramente porque ele me impressiona! Caramba... Ele é de verdade! Quando eu o conheci no show do Jay Leno, senti como se o conhecesse por anos, como se ele fosse meu melhor amigo.

Chris: E que tal Vinnie Coliauta?

Carter : (Risos)…

Chris: Não quer nem falar dele?

Carter : (Mais risos)… o que há a dizer? O cara está no hall da fama, e ele merece! Não consigo encontrar palavras...

Chris: Esta afirmação está boa. Seu álbum solo é bom.

Carter : Tenho que concordar. Lembro-me do trabalho que estava fazendo com Zappa (risos)...

Chris: Ele apenas estava deixando as pessoas doentes...

Carter : (Risos)... Este cara pega uma coisa simples e faz o que quer com ela (risos)... Incrível, incrível ! Ele tem tantos truques guardados. A técnica splash que ele faz… em “Seven Days”... Ele faz coisas tão legais! Algumas das técnicas splash que eu faço vem daí.

Chris: O que você acha do cenário musical da atualidade?

Carter : Sinto que os músicos estão começando a ser criativos novamente... Não estão se deixando levar por aquele cenário disco dos anos 70. Em termos musicais não aprendi absolutamente nada com a disco. E com as técnicas de sampleamento nos anos 80, as pessoas não estavam nem mesmo tocando seus instrumentos. E a coisa está voltando (as pessoas tocando) àquela forma novamente. O que é importante. Tocar é uma forma de arte, então precisamos ir novamente naquela direção.

Chris: A falta de técnica do grunge te incomoda?

Carter : Sim... Não quero tirar nenhum mérito de bandas como Nirvana e outras, mas o que me irrita é saber que os caras querem fazer tudo de uma vez só... Sem estarem abertos para novas idéias. Este cara veio até mim e disse que eu deveria dar uma olhada em um cara chamado Herbie Hancock...

Chris: Oh cara...

Carter : (Risos)... Tenho que falar com este garoto Herbie Hancock! Os garotos precisam voltar às raízes, ao básico. Acho que os músicos estão começando a fazer isto.

Chris: Digamos que eu seja um novo músico. Qual seria seu conselho para mim?

Carter : Volte para as épocas que já passaram. Eu diria isto para qualquer músico. Volte ao menos para a época dos anos 70 e ouça o que Miles Davis e John Coltrane estavam fazendo. Digo isto porque acho que Miles Davis fez a transição quando compôs “Bitches Brew”, e coisas como esta. Quer você goste ou não, aprenderá algo com eles. Estes caras tinham sua própria voz em seus instrumentos. Os músicos precisam desenvolver essa habilidade.

Artigo feito por Chris Cornish
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Última edição de _TASSE_ : Sáb, 9 de Junho de 2007 às 16:49.
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