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Não lido Qui, 7 de Novembro de 2013   #20
LEONEL RODRIGUES
 
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LEONEL RODRIGUES é uma jóia em brutoLEONEL RODRIGUES é uma jóia em brutoLEONEL RODRIGUES é uma jóia em brutoLEONEL RODRIGUES é uma jóia em brutoLEONEL RODRIGUES é uma jóia em bruto
Re: O fim da alta fidelidade

Boas
A propósito deste tópico (Fim da Alta Fidelidade), quero deixar mais uma vez a minha opinião. Muitos poderão ou não concordar comigo e tenho quase a certeza absoluta que se eu postasse isto no Fórum HI FI, cair-me-iam todos em cima. Mas ao longo de dezenas de anos a lidar com centenas senão milhares de elementos áudio, acho que tenho uma opinião mais ou menos avalizada acerca deste assunto.
Ora aqui vai…
No que diz respeito ao “som de casa”, existem 3 parâmetros principais reconhecidos no mundo inteiro que são:
Audiófilia
Alta Fidelidade
Stéreófilia
Audiófila – É o culto e a busca (nunca conseguida) da perfeição sonora. Em 90% dos casos é também o culto da Válvula. Em muitos desses casos é um fanatismo constante por marcas, por uma sala própria de audição ,etc. Muitos acham-se audiófilos porque têm dinheiro e outros que sem dinheiro têm mais ouvidos e sensibilidade de percepção que esses endinheirados. Este material normalmente é bastante caro não sendo de espantar que um par de colunas por exemplo possa custar 400.000€. Claro que estou a falar de Top High End. Pontificam marcas como a Krell, MacIntosh, Wilson Audio, Linn, Naimm, Audio Research, Beard, Martin Logan, Royd Albion, etc. Algumas marcas mais convencionais como Pioneer, Onkio, Tannoy, Mission, Sansui, Marantz fizeram e fazem incursões no meio mas as que falei anteriormente levam vantagem em vendas e em procura. Porque são mais caras? Não sei. Porque são melhores? Duvido em alguns casos. Esta busca pela perfeição (se calhar já a ultrapassaram e não deram conta) leva a que muitos destes “fanáticos” nem ouçam música mas sim ruídos ambientais, chegando por vezes ao cúmulo de passarem horas ouvindo a queda de uma agulha de coser numa superfície de mármore. Claro que este som foi gravado e tratado em estúdio. Esta “perfeição” é levada ao “limite” nos materiais utilizados por exemplo nos cones dos drivers. Existem altifalantes em fibra de carbono, Kevlar, Polipropileno, fibra de vidro, etc, descurando o velhinho cartão prensado que na minha opinião e de muitos outros ainda é o que melhor resulta. Também colunas contruidas em granito, mármore, lousa, ferro fundido, etc, mas ainda é a madeira que tem resultados melhores. Também os filtros (crossovers) são afinados ao ínfimo pormenor para só deixar passar frequências exactas para os drivers de forma a que não existam “sons parasitas” nos mesmos. Este método a meu ver revela uma enorme frieza sonora. Exacta, mas desprovida de alguns harmónicos. Mas isso é a minha opinião.

Alta fidelidade – Penso eu que será a forma sonora que se adaptará melhor ao comum dos mortais, reunindo uma série de características mais consensuais. Não sendo também um material barato no entanto consegue-se um som muito bom nos topos de gama. Na década de 70 (e falo com conhecimento) com a chegada do material japonês, esta forma de ouvir atingiu os píncaros tanto de vendas como de desenvolvimento indo beber inevitavelmente á audiofilia mas a preços muito mais baratos. Ainda hoje, as colunas da Pioneer HPM 100, os fantásticos Amps e Receivers da Pioneer, Sansui, os míticos Marantz, Rotel, Kenwwod, Superscope,Yamaha, Sony, JVC Nivico, National, os Gira discos da Pioneer, Toshiba,etc, são falados e muito procurados por pessoal da…..Audiófilia. E porquê? Porque muitos se cansam daquela estrema crueza (muito linear mas fria), para adicionarem a um qualquer híbrido ou Tube um pick-up analógico para ouvirem o som quente que muitas vezes lhes falta mesmo com material a válvulas. Mas se os japoneses foram mestres os europeus foram REIS. Mas foram reis muito maltratados pela chegada dos japoneses (novidade) ao mercado. E nos europeus cito algumas marcas que ainda hoje envergonham alguns artigos ditos “audiófilos”.
Dual, Grundig HIFI, Thorens, Lenco, Philips HIFI International, Saba, Bruns, Garrard, Telefunken, Siemens, Graetz, LOWE, Kapsch, HECO etc. O que aqueles engenheiros sabiam de acústica e de eletrónica. Não vamos esquecer que foram pioneiros nas colunas activas., dos tweeters dome type, dos woofers de pistão livre, etc
Os americanos com a Heathkit, Realystic, etc.
Voltando aos europeus, não tenho vergonha em admitir que só pelos meus 40 anos reparei na qualidade sonora e de construcção dos aparatos. Mais…num teste de “ás cegas” na minha oficina, já confundi um audiófilo que não teve outro remédio senão admitir que tinha umas colunas de 3000€ que tocavam menos de que umas Heco 4302 de 1975.
Este material durava décadas.

Não quero esquecer a Harmon Kardon e a Denon que têm material de 1ª categoria.
Já agora uma nota em relação ao material de estúdio. É certo que agora com a generalizada digitalização se conseguem grandes feitos mas… Já não existem sons com a qualidade de uma mesa Studer ou a gravação de um Revox ou AMPEX de fitas. Falo do som “quente e gordinho” daqueles analógicos. Dos Teac, UHER, Nakamichi, ICC,etc. É certo que as mesas de misyura de hoje têm mais capacidades em frequência e sinal/ruído, mas e ainda bem que existem bandas de vários tipos que ainda processam o seu som em AAA. Resistem ao AAD e ADD. Preferem o registo e tratamento analógico ao digital. Ouçam por exemplo o Crime of the century dos Supertramp em vinil e ouçam a seguir em cd. Falta ali qualquer coisa…
Em relação ao MP3 em HI FI…pelo menos um cd em wave. MP3 para mim só em viagem e de carro. Mas isso sou eu.

Stéreofilia – Todas as marcas que enumerei em cima, editaram modelos em que os decoders estavam “adulterados” de forma que as frequências fizessem com que a separação dos canais fosse mais notória. Esta novidade teve o seu ponto alto quando foi lançada a QUADRIFONIA que mais tarde foi abandonada mais pela quantidade de material (4 colunas) e pelo preço quase proibitivo, facto que á anos veio a ressurgir (mal) com os 2.1, 3.1 , 4.1 e por aí fora, com colunas diminutas a “mentirem” descaradamente na sua potência bem como nas suas prestações. Ouvir música nisto….é de fugir, no entanto reconheço que a sua aplicação em Home cinema é muito satisfatória.
O culto da Quadrifonia chegava ao ponto de existirem discos gravados só com quatro intrumentos ou até mais, mas de forma a que só fosse reproduzido um por cada canal. O material tinha 2 potenciómetros de volume, 2 de balance, 2 de bass e 2 de treble. Os gira discos eram compostos por células de 8 pólos.

Pronto pessoal já vai longa a minha opinião, mas mais teria a dizer em relação ás duas primeiras.

Abraço

Última edição de LEONEL RODRIGUES : Qui, 7 de Novembro de 2013 às 15:04.
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