metrónomo Live ou não?

[Gonçalo Pais]

Após vários concertos com várias outras bandas, vi muitos bateristas a usarem metrónomo ao vivo, lá vão eles, metem os fones e siga para bingo....
Cheguei a saber de bateristas que foram obrigados a usar metrónomo em palco, e tentaram se debater chegando até a dizer: vocês querem fazer de mim um robô...

Eu não gosto de usar metrónomo "ao vivo", porque para isso punham o CD a tocar e um video... para mim "Ao vivo" é "Ao Vivo" é como se a banda tocásse os temas para curtir e eu estivesse tb lá, e gosto (falando como público) quando estamos na adrenalina do concerto, sentir que estamos na adrenalina do concerto.

Como um dos compositores da "banda" Globus disse uma vez: São as imperfeições que fazem a música perfeita....

Um abraço e fica a pergunta vocês usam metrónomo ao vivo, ou não usam, ou usam embora contra a vossa vontade?

Fica aqui um som do "The Trooper" dos Iron Maiden ao vivo tocado pela minha banda um pouco mais rápida do que a original. Peço desculpa pelos coros porque eram a banda convidada a cantar no palco connosco, costumamos fazer isso....convidamos a banda de suporte a cantar connosco um cover. Mas fica a ideia que por vezes o não estar ao tempo da gravação pode se tornar... hum diferente, mais "ao vivo"....

[Miguel Martinho]

Há bandas que usam e têm de usar porque têm samplers sequenciados que obrigam a que a banda toque sempre no tempo. Estas bandas eu compreendo o recurso ao metrónomo.

De resto, sou da tua opinião. Acho que o metrónomo ao vivo mecaniza demasiado os músicos e as músicas saem sem aquele espírito de serem tocadas ao vivo.

Aliás, e por falar em metrónomo, o Neil Peart (RUSH) chegou a um ponto que reparou que estava demasiado dependente do metrónomo e que tinha perdido com isso a espontaneidade de tocar, e a própria banda estava demasiado mecanizada.

Eu já fui em tempos "obrigado" a tocar com metrónomo ao vivo. Porque a banda achou que devíamos ser "certinhos" a tocar ao vivo. Epá, não gostei nada e acabava por chegar ao fim dos concertos sem ter curtido o concerto porque estava concentrado no click.


Portanto, acho que em caso de necessidade da banda para conseguir fazer disparar e tocar com loops, samplers automáticos, etc., ok, faz sentido tocar com metrónomo.
Bandas que não usem recursos externos ao que está em palco, acho que é "paneleirice" a mais usarem metrónomo ao vivo.

[LIONEL VIEIRA]

boas , tal como ja referenciou o Miguel ha bandas que usam samples ... os casos que eu vi usavam o ableton live .... ou seja as samples entram num tempo exato, ninguém espera por ninguém ... como tal convém um metrónomo para o baterista e a banda seguir o tempo e entrar a tempo com as samples ...
noutros casos acho que o baterista já deve ter a percepção do tempo e ter o metronomo na cabeça ... por isso é que é recomendável estudar rudimentos e nao só com metronomo , vai dando sempre ao baterista mais a noção de tempo.... (se tiver errado corrijam-me sfv )
abraço

[Vicfirth5a]

Alo pessoal.
Eu uso o Metronome, ao vivo, quando toco com Bandas que usam samplers para a seccao de Sopros. Confesso que essa situacao deixa-me preso, a ponto de nao curtir a musica e dar maior atencao ao click.

Abraco

[ruucaa]

eu acho que deves usar sempre.

[LIONEL VIEIRA]

Mensagem Original de ruucaa

eu acho que deves usar sempre.

sempre ?! entao porque esse teu ponto de vista ? um baterista nao deve ter a noçao de tempo ?

abraço

[JoãoCampos]

Olá Gonçalo.

Eu toco num projecto onde há metrónomo do principio ao fim. Isso não tem nada a ver com ser igual a meter um cd, tu podes ter feeling na mesma a tocar, apenas concluis o teu espectáculo com muito mais precisão e rigor.

Te pergunto, de que maneira consegues inserir percussões adicionais, baixos, samples sem teres um metrónomo ? Ou tens click ou andas aos papéis .

É bom usar click porque força toda a gente a usar phones, o que se traduz numa limpeza sonora em palco e consequentemente no som de frente. É bom porque o começar os temas é rigoroso, o acabar também.. até as paragens são.
Dentro do click tens outros sons diferentes que te dão indicações importantes sobre onde tu estás na música.

Outro uso importante do click (no projecto onde eu estou é largamente usado) é que tu consegues inclusivé controlar alterações de gear sem nunca teres que te preocupar. Neste caso, um Bouzouki custom altera num tema de um som limpo para uma distorção sem nunca teres que carregar no pedal para isso.

E gravações de loops em tempo real? Nem se fala.

Respeito se tu dizes que para as tuas necessidades de projecto isso não é importante. Respeito por isso que se diga que o uso de click faz sentido nuns lados e noutros não.

Agora daí a afirmar que algo é melhor / pior / correcto / incorrecto vai uma grande volta.

Abraço

PS: Se tocam com metrónomo ao vivo e não se conseguem desligar dele, é porque o vosso treino nunca foi muito rigoroso, vão por mim .

[Miguel Martinho]

Lá está, depende muito do género de banda, do espírito da banda e das suas necessidades.

Uma banda não é melhor ou pior por usar metrónomo. O ser melhor ou pior depende dos seus músicos, da forma como monta o concerto e da forma como o público ouve e vê a banda ao vivo.

Há bandas que tudo o que tocam, tudo o que se ouve é tocado em palco ou por alguém no backstage (no caso do disparo de loops, de mudanças de sons, etc.), outras bandas já têm isso mecanizado.
Uma não é melhor que a outra, são apenas duas maneiras de fazer a mesma coisa.


Pessoalmente, do que conhecço e do que gosto de ver, prefiro bandas "não mecanizadas", em que em dois concertos fazem as coisas diferentes porque lhes apeteceu naquele momento prelongar um solo, parar aqui e deixar o público intervir, etc. Este é o meu espírito de concertos, de ver bandas ao vivo e de tocar.
Ainda há dias estava a ver o concerto do Faith No More, é obvio que eles não usam metrónomo ao vivo, é óbvio que o Patton hoje faz uma passagem de 4 tempos e amanhã faz de 6 tempos porque lhe apeteceu. Toda a banda entende isto e todos funcionam assim. Hoje a música sai a 140 bpm, amanhã a 145 bpm...
Este é o meu estílo de banda, toca tudo live e com feeling live... como eles há muitos. É o espírito ROCK!

Atenção que não estou a criticar as bandas "certinhas". Tal como disse, cada um trabalha como gosta, o público escolhe conforme o que prefere.

[JoãoCampos]

Era aí que queria chegar, depende do quanto tu queres oferecer.

Nunca esquecendo que os grandes internacionais da música não usam metrónomo ao vivo mas têm um staff que live te ajustam tudo o que for preciso. Por exemplo, se em vez de 4 compassos ele faz 6, o técnico de luzes já tem que ter o estofo para encher aqueles + 2 sem prejudicar o espectaculo.

Este fim de semana toquei com Olavo Bilac num regime livre.
Sem click nem nada do género, senti que orgânicamente o tempo ia e vinha mas ali fazia algum sentido porque o que tu estavas a criar era o próprio ambiente que querias dar ao espectaculo. Ele interagia com o publico, a dinâmica diminuia, em algumas situações o tempo ia para trás e ficava sincopado. Fazia sentido. Era como uma Jam Live e exploravas acima de tudo sensações.

Isto para concluir e desta vez concordando com o que dizes, que faz sentido nuns sitios e não noutros, dependendo do que queres oferecer e da dinâmica que queres dar ao teu espectaculo.

Em jeito pessoal acho precisamente que devemos avaliar um espectaculo com click do lado do espectador e não do lado do músico. Até porque do lado do espectador este provavelmente nem se apercebe das coisas como elas são, apenas tudo lhe bate certo.
Do lado do músico ouves entradas, ouves a referência do tom para a voz, etc .

Existimos para oferecer música para as pessoas, se o projecto ficar melhor com click então que seja. Tocar com click é bem mais do que tocar com um bandalo aos ouvidos, alarga em milhares as possibilidades de expandir o espectaculo. E o feeling está lá, o som está lá, o ROCK também está lá! Aldrabar as estruturas é que não !

E importante não esquecer que o click é matemático mas o músico não (ou não deve ser). A maneira como tocamos o padrão, dentro de um tempo que é mecânico, tem muito para se dizer !

Grande abraço

Mensagem Original de Miguel Martinho

Lá está, depende muito do género de banda, do espírito da banda e das suas necessidades.

Uma banda não é melhor ou pior por usar metrónomo. O ser melhor ou pior depende dos seus músicos, da forma como monta o concerto e da forma como o público ouve e vê a banda ao vivo.

Há bandas que tudo o que tocam, tudo o que se ouve é tocado em palco ou por alguém no backstage (no caso do disparo de loops, de mudanças de sons, etc.), outras bandas já têm isso mecanizado.
Uma não é melhor que a outra, são apenas duas maneiras de fazer a mesma coisa.


Pessoalmente, do que conhecço e do que gosto de ver, prefiro bandas "não mecanizadas", em que em dois concertos fazem as coisas diferentes porque lhes apeteceu naquele momento prelongar um solo, parar aqui e deixar o público intervir, etc. Este é o meu espírito de concertos, de ver bandas ao vivo e de tocar.
Ainda há dias estava a ver o concerto do Faith No More, é obvio que eles não usam metrónomo ao vivo, é óbvio que o Patton hoje faz uma passagem de 4 tempos e amanhã faz de 6 tempos porque lhe apeteceu. Toda a banda entende isto e todos funcionam assim. Hoje a música sai a 140 bpm, amanhã a 145 bpm...
Este é o meu estílo de banda, toca tudo live e com feeling live... como eles há muitos. É o espírito ROCK!

Atenção que não estou a criticar as bandas "certinhas". Tal como disse, cada um trabalha como gosta, o público escolhe conforme o que prefere.